domingo, 10 de abril de 2011
Zona de exclusão de Chernobyl
   O perrengue maior vem agora. Uma semana depois do desastre, o êxodo se intensificou em Chernobyl, cidade que ficava a 7 km da usina. 130000 pessoas foram retiradas de uma zona de exclusão de 30 km, muitos deles já seriamente contaminados. Muitos moradores evacuados chegam a relatar, principalmente os mais antigos, saudades dos tempos de guerra, onde pelo menos podiam VER o inimigo. A nuvem radioativa de césio 137 e iodo 131 chega a Bavária e norte da Itália, sul da França e Córsega, depois Inglaterra e Grécia, contaminando pastos e plantações. 10 dias após o acidente, Gorbachev convidou pessoalmente Hans Blix, presidente da AIEA, a visitar Chernobyl, colocando em prática a sua Glasnost (transparência, em russo), política que juntamente com a Perestroyka, deu início ao processo que culminaria no fim da URSS.

Embaixo a cagada era maior
Debaixo do reator: Toda água que foi jogada nas primeiras tentativas de resfriar o reator, que no caso da usina de Fukushima, recentemente, foi para o mar, acumulou-se debaixo do reator. O magma radioativo, com sua temperatura em elevação ainda, se rompesse as lajes por baixo, poderia vazar e causar uma segunda  explosão em contato com a água que teria consequências devastadoras, algo como evacuar toda a Europa, 3 a 5 megatons. Kiev seria varrido do mapa, a 320 km de distância, por exemplo.
  Moscou tomou 2 medidas: mandar um esquadrão de bombeiros drenar a água e depois selar o buraco mais efetivamente, com chumbo. Estes bombeiros seriam considerados heróis nacionais, mas os que não morreram sofrem até hoje de doenças ligadas à exposição. Apesar disso, algo tinha de ser feito para impedir o magma de continuar descendo, esfriá-lo mais efetivamente, pois por baixo do reator havia lençóis freáticos que, se contaminados, tornariam grandes rios da URSS impróprios para consumo.
  Foi considerada outra operação: mineiros de Toula, a 1000 km de Chernobyl, deveriam fazer um túnel de 150 metros, 30 metros de profundidade, até o reator, e construir um dispositivo de resfriamento que acabasse com o problema, mas não sem um número razoável de perdas humanas. 10000 mineradoras passaram pelo túnel, sem ventilação e com altas doses de radiação, sem máscaras ou roupas especiais. E o mais legal: os mineradores em nenhum momento foram informados do perigo que corriam. A maioria morreu.
   18 dias após o acidente, finalmente Gorbachev informa em rede nacional toda a extensão da desgraça.

O SARCÓFAGO:  A cereja do sundae: resolvido o resfriamento do reator, restava o buraco e toneladas de pedregulhos radioativos, expostos aos elementos da natureza. Era preciso selá-lo e limpar a área. Foi então projetado um imenso sarcófago de concreto para sepultar o reator, mas como fazer uma estrutura grandiosa, nunca antes construída, numa zona com radiação altíssima, em que os operários não podiam ficar muito tempo próximos? resposta: 18 bilhões de dólares, milhares de mortes, e a falência econômica da URSS, que também serviu para acelerar o processo de abertura e fim do comunismo.
liquidantes no telhado do reator
   Foi criado o termo "liquidantes", ou seja, aqueles que deveriam liquidar a radioatividade e selar o reator 4, além de limpar, casa por casa, as cidades de Chernobyl e Prypiat., matar um por um TODOS os animais da área, cães, gatos, gado, TUDO.
   A primeira parte do processo de construção do sarcófago foi a limpeza do telhado do reator, coberto por grafite altamente contaminado. Os robôs enviados inicialmente, devido a radiação, entravam em parafuso e se perdiam. Foi preciso mão de obra humana, num local em que os liquidantes podiam passar no máximo 45 segundos, tempo suficiente para jogar apenas duas pás de grafite de cima do reator. Foi um trabalho lento, cansativo, muitas vezes fatal.
   Caminhões, gruas, tratores, tudo teve de ser adaptado para construção do sarcófago de maneira grosseira, para tentar minimizar a exposição radioativa. As autoridades soviéticas também iniciaram uma campanha de desinformação na opinião pública, tentando diminuir o impacto sobre o Partido Comunista. Um exemplo disso foi a decisão de aumentar o nível de radiação "segura" à qual o ser humano poderia ser exposto, "curando" miraculosamente milhares de pessoas, dispensando-as de hospitais...
O sarcófago
   Os efeitos de Chenobyl são sentidos até hoje, milhares de pessoas são impossibilitadas de trabalhar e a Ucrânia recentemente reviu sua política de aposentadorias, deixando-os à mercê da sorte, transformando heróis em párias, cidadãos em estorvo oficial.


"O mais grave que vazou do reator 4 de Chernobyl não foram nuvens radioativas, foram as mentiras"

1 comentários:

Frava disse...

Caraca meu, que bando de absurdos! Quanta idiotice e quem pagou foi o povo.

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