domingo, 3 de abril de 2011
Região da usina
  Em 1986 eu era um moleque de 13 anos, e como todo bom adolescente, só pensava em intróitos vaginais, mamilos e afins, então não lembro/não dei importância ao acidente na usina nuclear de Chernobyl, na atual Ucrânia, então União Soviética. Movido pela curiosidade depois do desespero nuclear que tomou conta do mundo após o acidente na usina de Fukushima, Japão, fui dar uma olhada no que estava dosponível na net sobre o assunto, além de ver uns documentários. Fiz um apanhado do que eu vi e postarei abaixo. O negócio foi muito mais sério do que eu me lembrava, estivemos a beira de um holocausto nuclear, apocalipse mesmo.
   A usina se localizava a 3km do assentamento de Prypiat, a 18 km da cidade de Chernobyl, atual Ucrânia.

Reator 4
O ACIDENTE:  Na madrugada do dia 26 de abril de 1986 os 176 empregados do bloco 4 realizariam um teste no sistema de auto abastecimento do reator, algo que poderia economizar energia. À 1:23h da manhã, o sistema de segurança foi desativado e o teste começou. Iniciou-se então uma série de detonações no coração do reator. O teto de 1200 toneladas foi jogado pra cima como se fosse um brinquedo, e um fluxo de vapor radioativo despejou urânio e grafite a vários km em torno da usina. Do buraco aberto, um spray de fogo carregou partículas radioativas em fusão, jogando-os a milhares de metros no céu, num espetáculo descrito como "maravilhoso", pirotecnicamente falando.
   As causas até hoje são motivo de discussão, sendo que as duas correntes oficiais, a de falha humana e a da falha de projeto na verdade parecem ter sido verdadeiras e complementares, o perigo do uso em certas condições agravado pelo erro humano. Os responsáveis, inclusive o chefe do bloco, ao levarem a cabo o teste, sabiam das falhas de projeto, mas eram, quase todos, provenientes de setores não nucleares de energia, não especialistas.

Cidade evacuada
AS CONSEQUÊNCIAS IMEDIATAS: No interior do reator, enterrado sob 14 toneladas de pedras, o grafite cercava o combustível nuclear, queimando e derretendo urânio. A consequência radioativa iria ser maior do que 2 bombas de Hiroshima combinadas. No Kremlin, 8 horas depois, ainda não se falava em explosão, apenas "acidente" e "fogo", Gorbachev ainda não tinha informações razoáveis sobre o acidente. Em Prypiat a vida dos 43000 habitantes transcorria normalmente, a única diferença era a presença de soldados com máscaras nas ruas e um certo gosto metálico nas bocas. Medições iniciais apontavam o nível de radioatividade era 15000 vezes o normal, medido em roentgens. à noite já era de 600000 vezes o normal. Durante aquele dia, os habitantes receberam mais de 5 vezes a dose de radiação considerada inofensiva, os níveis nunca tinham sido vistos antes e continuavam subindo, os contadores ficavam malucos.

Primeiros refugiados atômicos
EVACUAÇÃO: 30 horas depois da explosão, finalmente as primeiras medidas de segurança foram tomadas. Mais de 1000 ônibus chegaram e o exército anunciou a evacuação. De repente, a população inteira teria apenas 2 horas para separar o que gostaria de levar consigo, para nunca mais voltar, embora inicialmente a informação à população era que a saída era por 3 dias. Somente militares e membros de uma delegação científica permaneceram na cidade, apesar do perigo que corriam, obviamente subestimado.

DISSEMINAÇÃO:  A nuvem radioativa começou então  a se espalhar em direção a Europa e chegou a Suécia dia 28, quando então foi descoberta. Poeira radioativa de Chernobyl caía em forma de chuva em Estocolmo. 60 horas depois do acidente e nenhuma notícia tinha sido dada fora da URSS. Hans Blix, presidente da AIEA, entidade nuclear internacional, foi contatado em seu escritório,, mas alegou que nada sabia sobre acidentes. Satélites americanos se viraram para Ucrânia, descobrindo os destroços do reator em Chernobyl.
Areia e ácido bórico no reator 4
   Enquanto isso, no interior do reator, 1200 toneladas de magma branco continuavam a queimar a 3000 graus Celsius, enviando mais gás para atmosfera. 200 helicópteros mandados pelo Kremlin dia 28 para apagar o incêndio não poderiam passar mais de 30 minutos sobre os reatores, pois a dose de radioatividade seria fatal. Os melhores pilotos foram trazidos do front do Afeganistão para a operação de tentar jogar areia e ácido bórico no reator e apagar o incêndio.
efeito da radiação
   Começam a chegar ao Hospital 6, em Moscou, os atingidos por contaminação radioativa. Depois de um período inicial de náusea e diarréia, seguia-se um período de latência. Mais tarde, os sintomas fatais apareciam: deterioração da medula óssea e queimaduras graves, que iam até o osso, e morte.
   A essa altura, a radiação já se espalhava pela Ucrânia, Bielo Rússia e Rússia, mas a população continuava desinformada. Uma única nota de rodapé do Pravda, o jornal do Partido Comunista, em tom jocoso, falava sobre o acidente, dizendo que o perigo havia passado. As festividades do Dia de Maio ocorreram como se nada houvesse, mesmo nas áreas sabidamente contaminadas. Misteriosamente, todas as fotos do Dia de Maio de 1986 desapareceram dos arquivos nacionais da Ucrânia.
Continua...


  

2 comentários:

Frava disse...

Que sinistro, sabia que tinha sido ruim, mas nao imaginava que tanto, eu era uma pirralhinha nessa época. Hehehe

Hoje em dia a velocidade da informação nem tem como comparar com a daquela época, se o negocio ficar feio mesmo la no Japão, na mesma hora todo o mundo sabe.

Rodrigo disse...

O cotista, como um bom Proctologista, me resta perguntar. Como esta a evacuação em Chernobyl agora?

Rodrigo

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