quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Código de Hamurábi
Será que era melhor beber cerveja que água?
    Dizem que provavelmente foi a cerveja que possibilitou o aparecimento das primeiras cidades, sua primeira referência é suméria, 2600 a 2350 a.C. Seu advento possibilitou "armazenamento" de cereais, sob forma de "pão líquido". A cerveja tornou-se vital para todas as civilizações produtoras de cereais da antiguidade clássica, especialmente no Egito e Mesopotâmia. O Código Babilônico de Hamurábi dispunha que os taverneiros que diluíssem ou sobretaxassem a cerveja deveriam ser supliciados, tamanha sua importância. Há teorias sobre o aparecimento de um gene para o alcoolismo, provavelmente na maioria dos lugares as fontes de água não eram confiáveis, e só quem tinha maior resistência ao álcool teria maior chance de sobreviver, pois era melhor morrer de cirrose aos 40 anos que de cólera ainda criança. Teoria da evolução de Darwin em ação, como sempre.
Fígado cirrótico. Bonito, não?
  O alcoolismo é um problema de saúde pública, em que são gastos milhões de reais por mês em tratamentos de patologias causadas direta ou indiretamente por seu consumo, desde cirrose hepática até traumas automobilísticos ou morte por motivo violento. O consumo moderado de algumas bebidas, como vinho, no entanto, já provaram trazer benefícios à saúde. Na vida do médico o álcool é uma fonte inesgotável de histórias, além dos "causos" .
Pimba conversando com Drummond de Andrade
Qual médico, em passagem naquele estágio de PS, não tem uma porrada de histórias engraçadas sobre os cachaças? Ou, como se diz no Rio, os "pimbas". Pimba é sigla para Pobre indigente mendigo bêbado alcoolizado, ou também "mulambos" ou "jacarés" como se fala em São Paulo. Dei plantão como acadêmico bolsista no Hospital do Andaraí, no Rio de Janeiro e tinha um plantonista que adorava atender os pingas. Ele dava o atendimento correto clinicamente falando, mas nunca deixava de sacanear alguns deles. Ele inventava "exames" como ausculta de ondas cerebrais, radiografia da "aura", entre outros. No livro do Dário Birolini que eu já comentei aqui, A estratégia da Lagartixa, ele conta um "causo" em que chegou um cachaça enchendo o saco no PS pois queria que medissem sua pressão intra craniana. Essa medida é feita através da colocação de um cateter nos ventrículos cerebrais e tem indicações específicas, o que não era o caso. O cara insistiu tanto que o atendente pegou um aparelho normal, de pressão arterial, e passou em volta da cabeça do cara igual a um turbante, encheu o manguito e disse categoricamente:120x80, pressão normal, pode ir...
A mulher às vezes não ajuda...
   Essa aconteceu comigo, já trabalhando após a especialização. Chegou um paciente, completamente embriagado de madrugada pra fazer fixação de fratura exposta na perna, de estômago cheio. Virei o cara e fiz uma raque e embora já tivessem feito medicamentos para náuseas antes da cirurgia, ele vomitou copiosamente após a anestesia. Depois de melhorar um pouco e iniciar a cirurgia, ficava dizendo que quando voltasse pra casa ia "enfiar a porrada" na mulher. Fiquei curioso e perguntei porque, já rindo da insistência do sujeito. O cara vira e me solta essa: "Se aquela fela da puta soubesse cozinhar eu não tinha passado tão mal, e se ela enchesse menos o meu saco eu não beberia tanto..." Após as gargalhadas de praxe, pus o cara pra dormir...

2 comentários:

Edilene Ruth disse...

Só vc mesmo!!!
Hospital tem mesmo muita história pra contar hahahahahahahaha
Estou aguardando o próximo capítulo!!
Beijo
Edilene
http://devaneiopulsante.blogspot.com
www.papodequinta.com

Frava disse...

bebado eh foda! huahahuahuahua

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Médico, anestesista, ateu e peão

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