terça-feira, 24 de agosto de 2010
Essa aconteceu quando meu ex chefe de residência era ele próprio residente:
Ia acontecer uma laparotomia pra um baleado (cirurgia abdominal para exploração dos danos do P.A.F., projetil de arma de fogo) que tinha sido alvejado por um marido traído, vários tiros em abdome. Aquele papo inicial com o Ricardão, que chorava muito, dizendo que não tinha feito nada, que era inocente...
"Eu não fiz nada, nem conheço aquela mulher", chorava o paciente.
A cornitude e a anestesia
O anestesista, meu ex chefe, falava pra ele se acalmar, que tudo ia dar certo. De repente lembrou-se de perguntar sobre o jejum pré operatório, fato importante pra definir a técnica da indução da anestesia:
"Companheiro - disse o anestesista- isso é importante que você diga, pois você pode até morrer...quando foi a última vez que você comeu? Fale a verdade..."
E o Ricardão, aos prantos, resolveu falar: " Tá bom, eu confesso, eu comi a dona, mas foi uma vez só, uma vezinha só..."
Pano rápido para as gargalhadas de todos os presentes...

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Caça improvisada...
Outro caso legal em minha residência foi uma cirurgia que faríamos num paciente com Síndrome de Down, muito forte, devia pesar uns 120 quilos. Sempre damos um comprimido de um calmante (pré-anestésico) antes da cirurgia, para dar um conforto, tirar a ansiedade de quem vai ser operado. Neste paciente não adiantou nada, ele estava bem agitado, não queria deitar na cama de jeito nenhum, gritava...Me virei para preparar uma injeção intra muscular, pois aquele monstro não deixaria puncionar uma veia. Foi tudo muito rápido, quando dei por mim o mamute tinha fugido da Sala operatória, e estava gritando pelo corredor. Foi um circo, todo mundo olhando...Eu e meu staff do dia não pensamos duas vezes, saímos correndo atrás dele, o cara agarrou o paciente, jogou-o no chão imobilizando-o com um mata leão(ele era faixa preta de jiu  jitsu) e eu vim correndo e cravei a seringa no cara e injetei o conteúdo. Fiquei ali ajudando a segurar a fera até ele se entregar. Depois levamos o "troféu" de volta pra sala sob aplausos e gozações, parecia temporada de caça, me senti um índio amazônico usando uma zarabatana...Aliás foram os "curares" das flechas e zarabatanas dos índios do Brasil que deram origem aos curares (relaxantes neuro musculares) muito empregados por nós em anestesia


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A introdução dos mais variados objetos no orifício anal principalmente por homossexuais solitários algumas vezes pode resultar em constrangedoras cirurgias para abordar lesões e retirar os tais objetos. Mais pitoresco ainda são as desculpas utilizadas pelos pacientes para justificar a presença destas "ferramentas" naquela região. A mais comum é a seguinte: o paciente alega que estava correndo completamente nu pelo banheiro, escorregou e caiu empalado no desodorante Axe (eles gostam muito de Axe) que estava estrategicamente instalado no meio do cômodo. Sinceramente depois de muito ouvir isso cheguei a conclusão que correr nu pelo banheiro deve ser algum esporte desconhecido de alguma Olimpíada Gay. Legumes cilíndricos diversos, consolos e até uma bomba de bicicleta já presenciei.(dava pra ver a molinha da bomba no Raio X)

Prazer e engenhosidade...
Mas o mais engenhoso que eu vi foi de um senhor com uns 70 anos, que tinha contruído um intrincado sistema de roldanas e polias que permitia que ele sentasse no tal objeto e fizesse as mais variadas manobras...o cara deveria ter patenteado aquilo. Óbvio que ele se empalou e foi parar no pronto socorro com toda aquela tralha, super envergonhado. Confesso que foi a mais dolorosa vez que tive que conter o riso esses anos todos...ou será ânus todos?

5 comentários:

Andrea Vanzan disse...

Esse tipo de história me fez lembrar de outras tantas histórias que vive no meu hospital... vários episódios com os mais variados contextos. Bateu saudade.

MadaFoka disse...

Nem só de fatos sérios vive a medicina.
Obrigado por nos trazer essas pérolas, doctor!

PinkBaby disse...

Hahahha! Ri pacas aqui!
Tá muito bacana o blog! Continue contando as pérolas hospitalares!
A da zarabatana foi a melhor. =)

Rir DOS outros é sempre o melhor remédio !

Liv disse...

iauhuiahihaihaihaihaihaia mt engraçado!!! otimas historias!

Mulherices disse...

Parabéns por encarar alguns dos transtornos do dia-a-dia com bom humor. Se não fosse por essa habilidade, acho que nos tornaríamos péssimos humanos e péssimos profissionais.

Parabéns pelo seu espacinho. O Blog vai de vento em polpa hein?

Abraços.

Lílian Buzzetto

Quem sou eu

Médico, anestesista, ateu e peão

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