sábado, 14 de agosto de 2010
 Talvez o grosso da população não saiba, mas um enorme problema de saúde pública em nosso meio é o vício em drogas opiáceas (derivados de morfina), muito comum entre os  anestesistas.
   Os opióides ou morfínicos são drogas derivadas do ópio, feitos a partir da papoula  (Papaver somniferum).O conhecimento do ópio remonta talvez à pré-história ou, pelo menos, aos períodos históricos muito distantes. Sementes e cápsulas de papoula foram encontradas em uma vila da era Neolítica, situada na Suíça . De qualquer forma, a evidência mais antiga do cultivo da papoula data de 5.000 anos e foi deixada pelos Sumérios A papoula é descrita em um ideograma desse povo como "planta da alegria".
   Pode-se dizer que o fato mais importante do início do século XIX foi a descoberta da morfina, obtida por Friedrich Sertürner, um alemão, assistente de farmacêutico, que trabalhou no isolamento de princípios ativos do ópio. 
   A dependência tem início fortuitamente, quando o médico se expôe a este tipo de droga por ocasião de algum procedimento cirúrgico ou episódio doloroso. São drogas potentes, que além de analgesia causam euforia, bem estar e desinibição entre outros. As mais comuns causadoras de dependência,além da morfina, são a meperidina e o fentanil. Depois passa a procurar-se somente os efeitos prazerosos, é de difícil remissão e evolui quase sempre de forma letal.
   Imagine, em analogia, uma pessoa viciada em cocaína que tenta largar o hábito.  Agora imagine se todo dia, ao chegar pra trabalhar de manhã, alguém coloque uma carreira da droga em sua mesa...Essa facilidade de obtenção é a principal causa de fracasso no tratamento.
   Na faculdade, antes de frequentar o hospital, já ouvíamos falar de colegas dependentes de morfínicos, além de óbitos pela mesma causa. Quando entrei na residência, alguns meses depois, um staff se atirou do apartamento em Copacabana, após exagerar um pouco na dose de dolantina.  Houve também uma colega veterana que suicidou-se.
   O caso que mais me marcou foi o de uma grande amiga com a qual estudei desde o pré vestibular, fizemos faculdade juntos e fomos contemporâneos na residência, eu na anestesia, ela na procto. Soube que ela tinha começado a namorar um colega de residência que era sabidamente usuário, e por infelicidade, teve dois abortamentos espontâneos, tendo sido submetido a curetagens uterinas.Foi ali que ela foi apresentada ao que seria sua sentença de morte.
   Rapidamente começou a usar dolantina junto com o tal namorado, eles inventavam pequenas cirurgias pra ter acesso à droga, vários setores do hospital já desconfiavam da conduta deles. Um dia, ao chegar para assumir meu plantão, trocava de roupa no vestiário quando escutei um barulho estranho. Corri, curioso, e vi, chocado, essa colega desmaiada junto a privada, tendo várias ampolas de dolantina quebradas ao redor. Se alguém mais visse aquilo, ela seria expulsa com certeza. Peguei-a no colo, levei para o setor de anestesia, puncionei uma veia e fiz uma droga chamada naloxona, que reverte os efeitos dos morfínicos. Pedi aos auxiliares de enfermagem que tinham presenciado a cena que não contassem a ninguém o  que eu tinha feito, pois de alguma forma eu era cúmplice daquilo.
   Quando ela acordou, passei um sermão pesado, ela chorou durante umas 2 horas e prometeu que iria parar de usar. Uns 2 meses depois o namorado dela foi pego completamente chapado, NO MEIO DO CORREDOR DAS ENFERMARIAS. Minha amiga jurou que tinha terminado e estava limpa.
   Um dia, tarde da noite, sua mãe me ligou aos prantos, dizendo que ela estava internada numa UTI, com overdose. Gelei. Falei pra mãe dela se acalmar, que iria vê-la pela manhã. O hospital era em Niterói, longe de onde eu estava.
   Uma amiga em comum ligou as 3 da manhã dizendo que ela tinha tido 2 paradas cardíacas. No íntimo já tinha certeza de como terminaria. Levantei cedo e, já dentro do carro, essa amiga em comum ligou, dando a notícia do falecimento. Perdi o chão. Sou um cara bem frio, mas confesso que naquela hora eu senti o baque.
   Não consegui ir ao enterro, pois no horário eu estava de plantão e não arrumei ninguém pra me dar cobertura. Falei com a mãe dela, mas ela estava muito sedada,  nem lembrava depois  do telefonema. Visitei-a assim que pude , mas nem ela nem ninguém da família estava em condições de falar. Voltei pra casa despedaçado. Depois fiquei sabendo que a família dela tinha se mudado, deixando o endereço apenas para familiares.






   
   


   
  

18 comentários:

MadaFoka disse...

Nunca imaginei que assumisse essas proporções.
Mas também, as drogas que vcs tem acesso são muito pesadas. Não tem como terminar bem.
O negócio é nunca passar do orégano. :P

Liv disse...

q doidera hein! cada coisa que vc ja deve ter passado né? =/

nerci disse...

Embora não seja da saúde, conheço alguns casos semelhantes. Triste ver q o q começa como um sonho de cura se transforme em um caminho fácil pra morte do sonhador. Não consigo imaginar a saída.
Texto interessante pela denúncia. Parabéns!

Lílian Buzzetto disse...

Fantástico seu texto. Fantástica sua chamada para a realidade. Não é um assunto fácil, mas que bom que alguém toca nele.

Espero que alguns estudantes de medicina e enfermagem passem por aqui e vejam o perigo ao qual estarão expostos.

Gosto de quem toca em feridas.

Abraços. E um ótimo futuro para esse blog - você está usando bem, pelo menos para mim, esse espaço.

Miss disse...

Em pensar q pessoas perdem a vida e famílias são destruídas por causa dessas coisas....muito triste!

Unknown disse...

Vivi por mais de um ano com um usuário de Dolantina, eu o via se matar cada dia um pouco.
É uma realidade muito triste para a pessoa e para quem a rodeia.

Unknown disse...

Galera fui viciado em dolantina trabalhei em um grande hospital na minha cidade . Passei por duas casas de recuperação fiquei 1 ano me tratando e ainda sofro abstinência por favor não entre nessa por favor não jogue sua vida fora por que depois que vicia nada mais tem gracas sem a tal dolantina . Fiquei 5 meses na dolantina e depois fui pro fentanil 3 meses perdi tudo moto emprego namorada . Simplesmente uma desgraça abraço espero ter ajudado

Anônimo disse...

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Claudia isadora disse...

olá, sou escritora e estou escrevendo um livro sobre um medico viciado e sua jornada para largar o vício. estou a procura de voluntários para tornar mais verídica a descrição para, quem sabe, incentivar a largar o vício. Meu mail é claudinhaisadora@gmail.com o médico que se sentir a vontade para falar sobre o assunto, não exite em me contatar. muito obrigada e muita luz a todos.

Unknown disse...

Socorro!!! Sou enfermeiro e estou passando pela luta contra o vício da Dolantina, não sei quanto tempo meu corpo vai aguentar, preciso de ajuda!!

Anomino disse...

Oi... Tenho meu chefe que faz uso de fentanil, ele é enfermeiro... Não sei mais o que fazer só eu que sei... Sem querer descobri... O que devo fazer? A cada dia ele está usando mais e mais...

Saúde e dor disse...

Amiga Claudia, esse vicio nao se restringe so ao medico. Trabalhei 9 anos em um hospital onde varios tecnicos e auxiliares q se viciaram em dolantina.E muito triste. Presenciei um tecnico aplicando medicamento dormindo , depois fiquei sabendo q fazia uso. Esse mesmo profissional depois confessou o uso. E contou q varias vez pacientes encontrava ele na rua e comentava sobre o procedimento q ele havia feito. E ele sem entender nada, ele nao lembrava.E ele contava q depois da primeira queria mais e mais.Deppis da dolantina começou a usar cocaina. Hj ele esta em tratamento se Deus quiser ele vai se libertar desse vicio.

Saúde e dor disse...

Oi, amigo proucura um tratamento.Existi clinica especialiazada no assunto.Nao deixa pra depois achando q vc vai conseguir sozinho. Pois nao vai.
Se precisa de ajuda. Tem uma clinica em macaé que trata esse vicio.
Que Deus te abençoe.

Saúde e dor disse...

Muito bom o texto.Tem mais de um ano que busco algo desse tipo. Q Deus te abençoe

Erik disse...

Tem dolantina?

Unknown disse...

O problema é quando vc é um paciente que sofre de dor crônica e já usa estes médicamento como o fentanila, pois morfina já não funciona, e sofre com todos os efeitos colaterais que ela causa, enjoo constante, vômitos, insônia, falta de apetite, dor muscular, olha tem muitas, fora que vc sabe que um dia a overdose te matará.
O que fazer quando se fez quase tudo que podia, quando se procura uma emergência de hospital particular com uma das várias crises que tem por semana e os médicos por desconhecer ou orientação do hospital não prescrevem o opioide que pararia a dor, só que não o faz deixando o pobre coitado gritando, chorando, suando, vomitando de dor por horas, sim a morfina não faz mais efeito já estou na fentanila está tomo em casa e quando está não ajuda, só rezar pelo jeito é a saída, este último ano conheci o canabidiol o que está me ajudando com as crises mas é triste devido a ignorância o governo não avança os estudos para uso medicinal onde tanta gente, sofre, morre esperando por uma solução, isso que tenho condição a um plano de saúde particular inagina para as pessoas que não o tem?!

Quem sou eu

Médico, anestesista, ateu e peão

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