quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Foto minha na visão do paciente...
   Comentei no outro post que o medo da anestesia fazia parte da cultura de massa, do telefone sem fio de pai pra filho, mas admito que havia certa razão de existir com essa intensidade por um motivo muito simples: anestesia/cirurgia matavam mesmo...era uma sorte sair vivo de uma intervenção desta, com as drogas que eram utilizadas e a tecnologia de monitorização existente.
   Precisamos de um pouco de história pra entender toda a mitologia que se esconde por trás desta entidade maligna que é a anestesia. Já em 1800 o químico inglês Humphry Davy se livrou de uma dor de dente, aspirando protóxido de azoto, o "gás hilariante", usado até hoje como adjuvante em anestesia geral e em anestesia dentária em alguns países (como no vídeo do David aí embaixo...), mas ninguém levou em consideração a ideia de Davy que aquilo pudesse ser usado em intervenção cirúrgica.

 Em 1823 o médico inglês Henry Hickmann tentou com sucesso anestesiar cães com bióxido de carbônio, mas este levava a intoxicações mortais. Em 1842 Crawford Long, médico rural em Jefferson, EUA, fez seus pacientes inalarem éter para operar sem dor, e não atinou que tinha feiro a descoberta que iria abalar o mundo, e continuou a clinicar no campo. Em 1845 o dentista Horace Wells fez uma exposição fracassada com uso do gás hilariante.

Morton, Warren e a primeira tentativa pública bem sucedida.
  Finalmente em 1846, como resultado final de 50 anos de movimento subterrâneo de tentativas inúmeras, Thomas Green Morton fez sua famosa bem sucedida anestesia em Boston, Massachussets, para um plateia estarrecida anestesiando com éter para um cirurgião famoso, Dr Warren.
   Bem, acontece que a administração do éter ou de qualquer outro anestésico que tenha sido criado até hoje, para colocar o paciente em estado de inconsciência, imobilidade e analgesia necessita de monitorização contínua dos sinais vitais, e tínhamos à época somente o pulso, sentido por palpação, a ausculta e pressão arterial e...mais nada...
   A entidade do especialista em anestesia não existia, esta era muitas vezes feita pelo próprio cirurgião, um auxiliar, um farmacêutico ou qualquer um disponível sob as ordens do médico principal. Levando-se em conta a pobreza de recursos de monitorização, o pouco entendimento do funcionamento dos anestésicos, assim como irracionalidade em seu uso, lógico que a mortalidade era altíssima, índice que foi decaindo com a evolução da tecnologia e farmacologia, criação de especialidade médica da anestesiologia, das sociedades de classe e da própria técnica cirúrgica.Ainda falta falar dos mitos da anestesia condutiva (raque ou peridural) mas isso fica pro próximo...
Certo, Dr Hugo!!!!
   Como deu pra reparar, sua avó, ou mesmo sua mãe (no Brasil as coisas demoraram ainda mais para chegar a níveis aceitáveis) não estavam tão erradas assim de se cagar todas quando o assunto era anestesia. Mesmo assim fica a dica: Não tentem fazer isso em casa, crianças, certo, Michael Jackson?

4 comentários:

Andrea Vanzan disse...

Ficou muito boa a postagem. Seria legal abordar um pouco mais sobre os outros métodos anestésicos... só para relaxar a galera que morre de medo .... de anestesia.

Edilene Ruth disse...

A hora que fui comentar, cai minha internet assim de uma vez e sem anestesia...
Muito interessante todas estas informações, tira um pouco o medo da gente, porém prefiro nunca precisar de uma intervenção cirurgica, a anestesia do dentista já me basta de experiência rsrsrs
Beijão!!!

Edilene
http://devaneiopulsante.blogspot.com

nerci disse...

Gostei da parte histórica (sou suspeita?)
Tô aqui lembrando dos documentários que vi sobre cirúrgias antes da anestesia. Perdi o medo rsrsrs

beijo

Lauro disse...

KKKKKKKKKKKKK, o video do garotinho pos cirurgia dentaria é um dos melhores que ja vi, kkkkkkkkkkkkkkkkk. Boa,parabens pelo Blog!!

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Médico, anestesista, ateu e peão

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